Em uma pequena área, temos uma diversidade de formações interessantes, vamos aproveitar e trazer para você leitor curiosidades sobre algumas.
O melhor exemplo absoluto de uma falha lunar é encontrado ao longo da costa leste do Mare Nubium - é a parede reta ou Rupes Recta. Esta característica lunar é conhecida por uma longa linha fina que nunca deixa de impressionar; até observadores lunares casuais podem desfrutar de uma magnífica visão. A vista é melhor quando o sol nasce e o terminador fica um pouco a oeste (como na foto anexo), no centro de Mare Nubium. Assim, a parede projeta uma sombra que se estende ao longo de todo o seu comprimento de cerca de120 km. Isso demonstra dramaticamente que a superfície lunar deve ser mais baixa no lado oeste da falha do que no lado leste.
Vários autores relataram que a parede tem cerca de 250-300 metros de altura, mas as últimas medidas através da sombra projetada sugerem que pode haver partes com até 450m acima do fundo da bacia ocidental. Apesar das aparências, a parede reta não é um penhasco, embora seja relativamente íngreme, eleva-se acima da planície em um ângulo ligeiramente superior a 20°.
A parte estreita da parede, (tradicionalmente chamada de Ferrovia pelos observadores britânicos) é agora oficialmente conhecida como Rupes Recta e termina no sul contra um monte de segmentos curtos de cumes que no século XVII, o selenógrafo Christian Huygens comparou ao punho de uma espada (1), com a parede reta correspondendo a lâmina da espada (2).
Se você expandir sua visão, perceberá as paredes circulares em ruína de uma antiga cratera sem nome, que teve seu chão inundado de lava e que meu amigo Charles Wood chama de "Ancient Thebit", sendo que a própria Thebit (5) com 57 km de largura está localizada quase no centro da foto. A borda oriental de 200 km de largura desta antiga Thebit (indicado pelo círculo amarelo, 3) é bem definida, mas sua borda ocidental é marcada apenas por sulcos enrugados em forma de arco.
Embora alguns pesquisadores tenham notado que Rupes Recta é aproximadamente radial à bacia do Imbrium e, portanto, talvez relacionado a ela, é muito claro que tem uma relação muito mais próxima com a antiga Thebit. Wood acredita que antigo Thebit foi formada na borda do Mare Nubium por um impacto gigantesco, e a parede oeste da cratera acabou sendo enterrada por fluxos de lava que inundaram a bacia. Esta é essencialmente a mesma sequência que ocorreu na bacia Sinus Iridum No Mare Imbrium. Uma boa parte do piso da grande Thebit cedeu para acomodar o afundamento da bacia, isso foi o que provavelmente deu origem ao que conhecemos atualmente por Rupes Recta.
Finalmente, se você olhar com cuidado em boas condições de visão, verá um pequeno canal paralelo a oeste de Rupes Recta, e ao norte da brilhante cratera Birt (7). Cada extremidade deste canal, conhecido como Rima Birt (4), termina em uma pequena caverna chamada Birt "E"( e "F" (9). Rima Birt é um desafio para observadores amadores e cientistas tentam explicar por que ele está ali. Devido à pequena caverna na extremidade norte do canal ficar perto da borda de grande Thebit, podemos especular que as fraturas associadas à borda formaram um caminho fácil para a lava irromper na superfície lunar, produzindo um colapso de cúpula, um canal de lava e talvez um pequeno depósito de cinzas e detritos impulsionados por gás.
A diferença de altitude do terreno de cerca de 50m de altura de Birt E em relação a Birt F, ajuda a confirmar esse hipótese , e torna mais evidente que a lava ao jorrar de Birt E encontrou um caminho facil até penetrar em Birt F.
Para não tornar o texto cansativo, vamos deixar para falar da bela cratera Arzachel (6) em uma próxima oportunidade.
Fonte: Charles Wood - Sky & Telescope
Dobins, Parker, Capen - Observing and Photographing the Solar System
Adaptação e texto: Avani Soares
